terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Fevereiro: "Vasto Mundo" de Maria Valéria Rezende

Olá! 

Gostaram de "Americanah"? Esperamos que sim!

Para fevereiro, vamos voltar para a literatura brasileira contemporânea, e a escolhida foi Maria Valéria Rezende. A freira (sim, isso mesmo!) foi ganhadora de dois Jabutis no final do ano passado: melhor romance e livro do ano de ficção, com "Quarenta Dias". 


Escolhemos começar com "Vasto Mundo", mas o fórum estará aberto para discussão de quaisquer outras obras delas. Nós somos fãs da escritora e pretendemos ler tudo que ela escreveu. Convidamos a todos a nos acompanharem.

Abriremos tópico no fórum para discussão no dia 25 de fevereiro. 


Boas leituras!

Bastardas

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Americanah

Creio que muitos de nós conhecemos Chimamanda Ngozi Adichie por conta de seus famosos TEDs "O perigo de uma única história" e "Sejamos todos feministas". Nascida na Nigéria em 1977, ela tem três romances publicados (todos lançados no Brasil pela Companhia das Letras), um livro de contos e a transcrição de seu discurso sobre feminismo (também pela Companhia das Letras). "Americanah" foi seu primeiro romance que tive a oportunidade de ler e já me considero admiradora da obra de Chimamanda. 

"Americanah" é um romance longo, mas com uma narrativa aparentemente simples. Ifemelu é uma mulher nigeriana que mora nos Estados Unidos há mais de uma década, e em dado momento decide retornar a seu país de origem. A premissa é curiosa, visto que em vários outros livros é justamente o contrário, a pessoa sai de sua terra natal em busca de oportunidades melhores em outros lugares. 

O livro parte desse momento em que Ifemelu decide voltar para a Nigéria. Ela está em um salão fazendo tranças em seu cabelo, se preparando para partir dos Estados Unidos e começa a retomar seu passado, sua infância, seu namoro de adolescência com Obinze, bem como uma leve pincelada na história da Nigéria. Indo e voltando no tempo, ela fala de sua família, das dificuldades de se mudar para a América, da sua relação com amigos, namorados e empregadores.

Como dito acima, o enredo é simples, mas aos poucos a autora discorre sobre racismo, sobre ser mulher em um país estranho, sobre gordofobia e sobre demais assuntos incômodos (nas palavras dela), mas que precisam ser discutidos. Ifemelu, em determinado ponto da história, cria um blog para narrar experiências suas ou observadas por ela, a respeito de racismo. Tal blog se torna um sucesso e ela passa a viver exclusivamente dele. No livro temos alguns dos posts fictícios que são ótimos debates. 

"Americanah" fala sobre ser estrangeira, sobre não se sentir em casa no novo país, sobre não se reconhecer no país em que nasceu. O livro também trata da dificuldade que as pessoas de países de terceiro mundo têm para conseguir cidadania e arrumarem bons empregos nos Estados Unidos e em alguns países europeus.

A leitura é ótima e prende a atenção. Do meio para o final a narrativa perde um pouco do fôlego, mas nada que prejudique o brilho e o valor do livro. Algumas pessoas não gostaram do final. Eu particularmente gostei, mesmo acostumada com finais trágicos ou pouco costumeiros, foi bom me deparar com um final mais "clássico".

É um livro que fica na cabeça. É uma leitura essencial para todos, principalmente para aqueles que acham que não existe mais racismo no mundo e que negros se vitimizam. As dificuldades que as pessoas negras enfrentam são infinitamente mais profundas, e Chimamanda fala disso didaticamente em "Americanah". 


Já está aberto o tópico para discussão em nosso fórum.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Mal-entendido em Moscou

Talvez seja possível, e igualmente ou mais interessante, percorrer as páginas da novela “Mal-entendido em Moscou” à margem do trilho autobiográfico que costuma conduzir a obra escrita por Simone de Beauvoir, mas minha leitura foi naturalmente guiada pela leitura recente do livro "Tête-a-Tête", uma biografia da história, e das histórias - entre as quais estão incluídas as passagens por Moscou - vividas por Simone de Beauvoir e Sartre.

No livro "Tête-à Tête", Hazel Rowles diz que os leitores frequentemente se desiludiam com a Simone antevista na ficção produzida pela filósofa e escritora que, de alguma maneira, assumia, através das personagens que a representavam, inquietudes assinaladas como tipicamente femininas. No entanto, o que muitos consideravam ou consideram como falha ou faqueza é precisamente o que a autora expõe de mais interessante sobre si.

Nicole, a personagem que seria Simone, no triângulo romântico que, tornado ficção, transforma Sartre em André e a tradutora russa com quem ele viveu um romance em filha do personagem que o corresponde, é uma mulher aparentemente realizada, mas insegura diante das transformações inevitáveis trazidas pela passagem do tempo. A partir de um encontro com Macha e dos acontecimentos provocados por esse encontro, Nicole passa a questionar as próprias escolhas e  o modo como enxerga a si e à própria vida. Da preocupação com o peso e com a aparência ao excesso de zelo com companheiro e com o filho, Nicole sofre questionamentos que, ainda hoje, afligem muitas de nós.

Habituados à imagem da Simone imortalizada pela coragem e pela intelectualidade, talvez os leitores daquela época, e os leitores de hoje, tenham encontrado dificuldade em aceitá-la, espelhando-se em ficção, como uma mulher considerada normal.

Mais que de mitos, a escrita e os livros precisam de boas histórias. Simone de Beauvoir, além da coragem de expor os pensamentos que marcam a história do feminismo e do existencialismo, viveu muitas boas histórias que soube, e pôde, contar. Mal-entendido em Moscou Simone de Beauvoir 144 páginas Editora Record
  O livro Mal-entendido em Moscou foi debatido no primeiro encontro do projeto #leiamulheres em Itapetininga, que aconteceu em novembro de 2015, e acontece mensalmente em diversas outras cidades brasileiras.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Janeiro: "Americanah" de Chimamanda Ngozi Adichie

Voltamos! :)

Antes de tudo, queremos desejar um Feliz 2016 para todos que nos acompanham, que seja um ótimo ano, cheio de leituras interessantes.

Em 2016 o Bastardas vai funcionar de uma forma um pouco diferente. Muitas pessoas acompanham diversos clubes de leitura, então fica um pouco complicado de dar conta. Por isso, faremos algumas parcerias ao longo do ano.

Começaremos com a leitura de "Americanah" da Chimamanda Ngozi Adichie. Esse foi o livro escolhido para discussão do Leituras Compartilhadas do blog O Espanador. O encontro acontecerá no dia 22 de janeiro, e nesse mesmo dia abriremos o fórum para discussão. Assim, quem não puder comparecer ao encontro, poderá comentar no nosso fórum. 
 
 
Boas leituras a todos.

Abraços

Bastardas